50 ANOS: ROGER LEMOS

13-12-2022

entrevista veteran skater

fotos rogério lemos

 

O Sorocabano e filho de um Potiguar Rogério Lemos completa 50 anos andado (muito) de skate e morando nos EUA. Nós do Veteran Skater não poderíamos deixar passar em branco, pois Rogério foi nosso entrevistado há 10 anos atrás e é claro que que nós quisemos saber como está a cabeça e a vida desse skatista veterano após todo esse tempo.

 

 

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Qual o sentimento de chegar aos 50 anos em cima do skate?

Me sinto agradecido demais por chegar a essa idade com saúde e disposição para continuar andando de skate e seguir em frente. Desistir ou parar nunca foi uma opção na minha vida. Já vivi inúmeros momentos bons e ruins durante esses anos todos, mas desde que eu comecei em 1986 eu só fiquei sem andar quando estava machucado.

 

Você planejou ou pensou um dia nas sessões cinquentão?

Nunca planejei e nem pensei nisso, só continuei andando de skate. Jamais troquei o skate por nada, e quanto mais velho fico mais vontade tenho de somente andar de skate quando tenho tempo livre. E apesar da idade e ter que me preparar para as mudanças físicas naturais, sinto que não posso desperdiçar meu tempo fazendo qualquer outra coisa a não ser skate, skate e skate.

 

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Poderia fazer um resumo dessa trajetória?

Subi em um skate pela primeira vez um pouco antes de completar 14 anos, em 1986, com a pessoal do prédio onde eu morava em São Paulo, mas logo depois me mudei pra Sorocaba e lá aprendi a andar de skate de verdade e conhecer bem a cultura que envolve. Foi uma época ótima, corri vários circuitos e campeonatos de street amador, fiz grandes amigos por conta do skate, uma parte dessa época e desses amigos estão no vídeo “Never Quit, Never Give Up” que lancei junto com a P.F.O. para comemorar meus 50 anos de vida. (Segue o link no final da entrevista). Mas apesar de gostar de campeonatos, eu não me dedicava em competir pra ganhar, e sim para me divertir e fui entendendo que o skate poderia ser muito mais amplo na minha vida do que apenas competir campeonatos. Entendi que eu deveria continuar andando de skate mas fazer isso como parte do meu trabalho também. Foi quando me mudei pra Campinas para fazer faculdade de Publicidade e Propaganda na PUCC, mas o skate sempre esteve comigo, conheci os caras que andavam e com isso comecei a fazer meus primeiros trabalhos de publicidade e marketing envolvendo o skate, com a loja Action Now do Éder Botelho, a quem devo muito por ter me dado essa força no início. Aos poucos minha relação com o lado business do skate foi crescendo cada vez mais, até que comecei a fazer alguns eventos no interior de São Paulo, campeonatos de street, jam sessions, até que surgiu o Rheumatic Hard Core Session na minha vida, e isso foi um grande divisor de águas. Enfim, muito difícil resumir uma história de 36 anos de skate, teve muito mais coisas que isso, mas só sei que o skate e meu trabalho sempre estiveram lado a lado, e tenho certeza que só cheguei até aqui por causa do skate.

 

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Hoje você está nos EUA. Onde você mora e quais os spots que frequenta?

Sim, eu vim pra fazer um Mestrado em Business e aos poucos fui ficando, foi tudo dando certo, vistos, documentos, permissões de trabalho, e isso já faz quase 5 anos. Moro hoje em Newport Beach. Quando cheguei eu andava bastante nas pistas daqui, principalmente Oceanside e Linda Vista, são as minhas favoritas. Infelizmente Channel Street tava fechada quando cheguei, mas reabriram faz algumas semanas, ainda não consegui colar, preciso ir. Ultimamente tenho me dedicado a recuperar meu rolê de street que ficou guardado no baú do tempo, pode parecer meio na contra mão da minha idade, mas eu sentia muita falta de andar na rua como nos anos 80/90. E por isso comecei a ir na Cherry em Long Beach, na Chevy em LA, aqui perto de casa tem uma plaza de street perfeita para coroas como eu, alí no REC Center em HB. Fora alguns picos na rua mesmo, que pra mim é a melhor parte daqui, até melhor que andar nas pistas, tudo natural e perfeito para se divertir.

 

Como anda a frequência das sessões?

Desde que cheguei aqui na California sempre tive que dividir meu tempo entre os estudos, o trabalho, a familia e o skate. Mas pelo menos uma vez na semana rola uma sessão. Quando veio a pandemia e as pistas fecharam, comecei a procurar picos de rua pra andar, aqui tem muito curb e muito street spots. E com isso acabei resgatando o street na minha vida, voltei a andar na rua, algo que não fazia desde os anos 90, e ultimamente é o que eu tenho feito, pelo menos uma ou duas vezes na semana. Queria poder andar mais na real, mas o trabalho tem me consumido bastante, estou bem focado na empresa aqui, mas sempre sobra aquele tempo para uns ollies e slappys.

 

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Quais os planos após os 50 com relação ao skateboard?

Continuar sendo o mesmo skatista de sempre. O skate é o que me move e foi por causa dele que cheguei onde estou. De todas as conexões que eu fiz e pessoas que eu conheci até hoje posso dizer que a grande parte envolve o skate de alguma forma, principalmente na minha vida profissional. Trabalhei para grandes empresas da indústria do skate como a Vans e a Drop Dead, mas também na TV Globo de Sorocaba através do Cláudio da Selva (ex-Lifestyle 90’s team) onde trabalhei como coordenador de design e criei um canal sobre skate no portal da TV. Agora aqui na California gerenciei a Attic Skate Shop por um tempo e há um pouco mais de um ano entrei na Apple, algo que eu jamais imaginei. Mas durante o longo processo seletivo, em uma das entrevistas, eles me pediram para descrever “quem é o Rogerio”, e falei essencialmente sobre minha trajetória no skate e, segundo eles, foi por essa resposta que eu consegui a vaga, por ter orgulho e nunca desistir de ser quem eu sou. Portanto, independente de onde eu for o skate sempre estará comigo, esse é o plano. O resto é consequência.

 

 

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