Street Skate No RN – Parte 2

04-04-2017

Por Paulo Costa

Colaboração: Jameson “Moleza” Magalhães

Fotos: Aquivo Jameson, Ilzeli, Paulo e Franklin

Street Skate (5)

Da esquerda p/ direita: Daniel, Vladimir Blockhead, Formiga, Franklin, Renildo, Igor, Paulo Playboy, Léo e Jameson em um japan plant. Quadra do Disco Voador, bairro Ponta Negra. 1988.

 

De todos que praticavam o street no início a maioria deixou de lado, por motivo de maior identificação com o vertical ou por não se adaptar à nova modalidade, porém, o então moleque de 14 anos chamado Jamesom, que andava com os mais velhos, juntou pedaços de uma janela velha, construiu sua primeira “jump ramp”, colocou em frente da sua casa e ficou tentando algumas manobras. Ele nos conta o seguinte: “Com a jump, eu chamava Alexandre Gato (que estava morando em Natal) pra andar em frente da minha casa e ficávamos tentando algumas manobras. Logo depois, os skatistas daqui de Natal, João Pessoa, Fortaleza e Recife mantiveram um bom contato e trocaram muitas experiências com relação as manobras. Eu, Marcelo Agra (PE), Charles Reginaldo (CE) e Fabio Câmara (PB), entre outros, estávamos evoluindo no street e sempre trocávamos informações sobre manobras e o que estava ocorrendo. Alguém (não lembro o quem) de João Pessoa foi a São Paulo e trouxe o vídeo Future Primitive da Powell & Peralta, só que quase ninguém tinha vídeo cassete e com isso só assistíamos ás vezes, então o jeito era agente “se pegar” com as sequências que apareciam nas revista YEAH e OVERALL”.

Street Skate (1)

Jameson fotografado por seu Jaime (Pai), no interior de Pernambuco. Acid drop no seu primeiro skate.

A partir desse período, que se passou entre 1986 e 1987, Jamesom passa a ser o primeiro street skater do RN. Embora praticamente só, com sua dedicação e facilidade para aprender manobras, atinge um excelente nível no street, vence os principais campeonatos da época e planta a semente de uma real cena de street na cidade.

Street Skate (2)

Jameson em uma das tricks que o ajudou a sagrar-se campeão norte/nordeste em 1987. One footed. Quadra do bowl da vola da Jurema. Fortaleza-CE

No início de 1988, o espaço no Aero Clube onde funcionava o Flying Rollers (complexo com bowl e ringue de patinação, que funcionou de 1985 a 1987), continuava sem utilidade para o clube, porém, o bowlzão e a quadra onde funcionava o ringue de patinação que tinha um corner e obstáculos naturais como escadas, paredes, pneus e traves, continuavam lá. A galera se juntava e dava uma “força” pro vigia, que liberava o local para as seções. Mais uma vez, o local era berço e testemunha de uma outra fase do skate Potiguar. Ali, alguns pioneiros como Wendel Leite, James Brilhante, Jameson, Ivan Zanoni, Eduardo Monga e Paulo Playboy se reuniam para sessions de street na quadra e de lá saiam para andar em picos como a jump ramp da rua Alberto Maranhão, a quadra da praça Augusto Leite e o centro da cidade.

Street Skate (7)

Franklin Medeiros em um acid drop no muro da quadra do Aero Club. 1990.

 

Street Skate (10)

Evandro topogigio mandava bem nos melancolies

Passados alguns meses, mais e mais skatistas de vários bairros chegavam e se juntavam aos locais. Alecrim, Cidade Jardim, Morro Branco, Cidade da Esperança, Ponta Negra, Tirol, Lagoa Seca, Cidade Jardim e Candelária, eram os bairros com maior número de praticantes. Boa parte dos que chegavam ao clube, vinham pra andar no bowl, munidos de equipamentos de proteção, mas logo foram abandonando o vert e se rendendo ao street skate.

Street Skate (6)

No início dos 90, o membro da crew da Cidade da Esperança, Claudemir Kbcinha, começa a se destacar. One footed.

 

Street Skate (11)

O técnico Alberto Tibúrcio, o Tiburcinho, faz parte dos melhores de todos os tempos do street potiguar. Melon.

Com um número considerável de streeteiros, estava formada a cena street e vários picos de rua surgiam em diversos bairros de Natal. Praça André de Albuquerque no centro (Praça vermelha, Batizada pelos skatistas, virou segundo nome do local, que na sua primeira versão tinha dois coretos com escadarias e bancos de concreto de diversas alturas), Condomínio Parque das Serras, Quadra de Candelária, Jump Ramp do início da Av. Afonso Pena, Praça de eventos do Campus Universitário, Jump Ramp do anel viário do campus e Jump Ramp da Av. Rui Barbosa, foram os primeiros picos de street da cidade que junto as incansáveis e intermináveis sessions na rua, ajudaram a disseminar a modalidade.

Street Skate (4)

O inovador Douglas “Homem Aranha” em um rock slide stale fish, uma novidade na época. Quadra do condomínio parque das serras. 1989.

 

Street Skate (13)

Paulo Playboy Costa. FS Rock’n Roll no Batman de street skate.1989

 

Street Skate (3)

Essa transição do parque das serras ficava em uma das quinas da quadra, com isso, logo depois foi transformada em um corner. Jameson em um rock’n roll. 1989

Com street skate consolidado em Natal, cada vez mais, novos praticantes surgiam e juntamente com eles a ASKN (Associação de skate Norte-rio-grandense), que teve Ilzeli Confessor e João Carvalho à frente. Com todo esse fomento, o bolo cresceu cada vez mais e por volta de 1993, picos como Pão de Açúcar (Nova Descoberta), Banco do Brasil (Centro), Quadra da Cidade da Esperança e Circo da Folia se juntavam aos antigos e trazia sangue novo à cena. Surgia ali nomes como Lúcio Ceguinho, Alex Kid, Robertinho Cavalcanti, Rafael Magei, Alberto Tiburcinho, Rodrigo Taboquinha, Salomão Dantas, Sergio Morcego, Eric “cara de égua”, Charles Andrade e Rubens Targino, entre vários outros, juntando-se aos pioneiros que ainda estavam na ativa e assim “seguraram a onda” em Natal, no período de baixa do skate no Brasil, que duraria mais uns 5 anos.

Street Skate (12)

Frederico Didico contorcia o máximo. Etapa da ASKN na praça cívica. Mosquit air com aval de Claudionor Kbça.

 

Street Skate (8)

George Punk, era o mascote da galera e jogado até o talo!

 

Street Skate (15)

Isso é um Tuck Knee!! Franklin Medeiros em session no Marista. 1989.

Desde o início, passando pelos períodos de alta e baixa, o street skate Natalense foi composto por skatistas de excelente nível que representaram muito bem o RN pelo nordeste e teve seu ápice com Lúcio Ceguinho representando (muito bem!), o estado na categoria profissional. Muitos ficaram pelo caminho, mas alguns guerreiros do início como Franklin Roosevelt, Paulo “Negão”, Claudio “Claybom”, Claudionor “Kbça”, Jameson ‘Moleza”, Claudemir “Kbçinha”, Paulo Playboy, Wendel Leite, Zé Mário “Soneca”, João “Popeye”, Rodrigo “Rovica”, Eduardo “Monga”, Sergio Leite, Eduardo “Banana”, Gil “Dedola” além dos (esses sim!) incansáveis Tercilio Albano e Ilzeli Confessor, continuam com muito skate na veia e estão ai até hoje ajudando direta e/ou indiretamente a perpetuar o lifestyle que escolheram.

Street Skate (9)

O Cearense Charles Reginaldo (R.I.P) era um cidadão Natalense, pois sempre aparecia pras sessions e champs na cidade. Rock slide vindo da jump em um evento em frente ao palácio dos esportes.

 

Street Skate (14)

Matéria pra um jornal local em 1988, sobre street skate, modalidade que estava nascendo na cidade. Na foto, da esquerda p/ direita; James, Ivan Zanoni, Wendel Leite e Jameson.

SKATEBOARD SEMPRE!


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