Street Skate No RN – Parte 2
Por Paulo Costa
Colaboração: Jameson “Moleza” Magalhães
Fotos: Aquivo Jameson, Ilzeli, Paulo e Franklin
De todos que praticavam o street no início a maioria deixou de lado, por motivo de maior identificação com o vertical ou por não se adaptar à nova modalidade, porém, o então moleque de 14 anos chamado Jamesom, que andava com os mais velhos, juntou pedaços de uma janela velha, construiu sua primeira “jump ramp”, colocou em frente da sua casa e ficou tentando algumas manobras. Ele nos conta o seguinte: “Com a jump, eu chamava Alexandre Gato (que estava morando em Natal) pra andar em frente da minha casa e ficávamos tentando algumas manobras. Logo depois, os skatistas daqui de Natal, João Pessoa, Fortaleza e Recife mantiveram um bom contato e trocaram muitas experiências com relação as manobras. Eu, Marcelo Agra (PE), Charles Reginaldo (CE) e Fabio Câmara (PB), entre outros, estávamos evoluindo no street e sempre trocávamos informações sobre manobras e o que estava ocorrendo. Alguém (não lembro o quem) de João Pessoa foi a São Paulo e trouxe o vídeo Future Primitive da Powell & Peralta, só que quase ninguém tinha vídeo cassete e com isso só assistíamos ás vezes, então o jeito era agente “se pegar” com as sequências que apareciam nas revista YEAH e OVERALL”.
A partir desse período, que se passou entre 1986 e 1987, Jamesom passa a ser o primeiro street skater do RN. Embora praticamente só, com sua dedicação e facilidade para aprender manobras, atinge um excelente nível no street, vence os principais campeonatos da época e planta a semente de uma real cena de street na cidade.
No início de 1988, o espaço no Aero Clube onde funcionava o Flying Rollers (complexo com bowl e ringue de patinação, que funcionou de 1985 a 1987), continuava sem utilidade para o clube, porém, o bowlzão e a quadra onde funcionava o ringue de patinação que tinha um corner e obstáculos naturais como escadas, paredes, pneus e traves, continuavam lá. A galera se juntava e dava uma “força” pro vigia, que liberava o local para as seções. Mais uma vez, o local era berço e testemunha de uma outra fase do skate Potiguar. Ali, alguns pioneiros como Wendel Leite, James Brilhante, Jameson, Ivan Zanoni, Eduardo Monga e Paulo Playboy se reuniam para sessions de street na quadra e de lá saiam para andar em picos como a jump ramp da rua Alberto Maranhão, a quadra da praça Augusto Leite e o centro da cidade.
Passados alguns meses, mais e mais skatistas de vários bairros chegavam e se juntavam aos locais. Alecrim, Cidade Jardim, Morro Branco, Cidade da Esperança, Ponta Negra, Tirol, Lagoa Seca, Cidade Jardim e Candelária, eram os bairros com maior número de praticantes. Boa parte dos que chegavam ao clube, vinham pra andar no bowl, munidos de equipamentos de proteção, mas logo foram abandonando o vert e se rendendo ao street skate.
Com um número considerável de streeteiros, estava formada a cena street e vários picos de rua surgiam em diversos bairros de Natal. Praça André de Albuquerque no centro (Praça vermelha, Batizada pelos skatistas, virou segundo nome do local, que na sua primeira versão tinha dois coretos com escadarias e bancos de concreto de diversas alturas), Condomínio Parque das Serras, Quadra de Candelária, Jump Ramp do início da Av. Afonso Pena, Praça de eventos do Campus Universitário, Jump Ramp do anel viário do campus e Jump Ramp da Av. Rui Barbosa, foram os primeiros picos de street da cidade que junto as incansáveis e intermináveis sessions na rua, ajudaram a disseminar a modalidade.
Com street skate consolidado em Natal, cada vez mais, novos praticantes surgiam e juntamente com eles a ASKN (Associação de skate Norte-rio-grandense), que teve Ilzeli Confessor e João Carvalho à frente. Com todo esse fomento, o bolo cresceu cada vez mais e por volta de 1993, picos como Pão de Açúcar (Nova Descoberta), Banco do Brasil (Centro), Quadra da Cidade da Esperança e Circo da Folia se juntavam aos antigos e trazia sangue novo à cena. Surgia ali nomes como Lúcio Ceguinho, Alex Kid, Robertinho Cavalcanti, Rafael Magei, Alberto Tiburcinho, Rodrigo Taboquinha, Salomão Dantas, Sergio Morcego, Eric “cara de égua”, Charles Andrade e Rubens Targino, entre vários outros, juntando-se aos pioneiros que ainda estavam na ativa e assim “seguraram a onda” em Natal, no período de baixa do skate no Brasil, que duraria mais uns 5 anos.
Desde o início, passando pelos períodos de alta e baixa, o street skate Natalense foi composto por skatistas de excelente nível que representaram muito bem o RN pelo nordeste e teve seu ápice com Lúcio Ceguinho representando (muito bem!), o estado na categoria profissional. Muitos ficaram pelo caminho, mas alguns guerreiros do início como Franklin Roosevelt, Paulo “Negão”, Claudio “Claybom”, Claudionor “Kbça”, Jameson ‘Moleza”, Claudemir “Kbçinha”, Paulo Playboy, Wendel Leite, Zé Mário “Soneca”, João “Popeye”, Rodrigo “Rovica”, Eduardo “Monga”, Sergio Leite, Eduardo “Banana”, Gil “Dedola” além dos (esses sim!) incansáveis Tercilio Albano e Ilzeli Confessor, continuam com muito skate na veia e estão ai até hoje ajudando direta e/ou indiretamente a perpetuar o lifestyle que escolheram.
SKATEBOARD SEMPRE!
SOCIAL
Siga-nos nas redes sociais