Franklin Medeiros

11-09-2016

por paulo costa/veteranskater

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Arquivo Pessoal

Em 1988 na avenida Afonso Pena nós tínhamos uma rampa de jump onde andávamos todos os dias. Numa certa tarde apareceu por lá um moleque franzino com um skate que tinha umas rodas rat bones e aquilo chamou a atenção. Fiz contato e logo descobri que ele estava vindo de Recife para morar em Natal (mas era Potiguar), as rodas eram falsas (coisa comum na época, pois peças importadas eram muito difíceis), seu nome era Franklin Roosevelt e que era, de verdade, um cara gente boa.

O tempo passou, Franklin virou umas das principias referências do skate Potiguar e paralelamente era envolvido com a música, outra paixão sua que o levou a alçar voos muito altos, com passagem registrada no rock nacional.

Passada essa fase, voltou para Natal, montou a banda Folcore e compôs a música Ollie Air, que tem uma grande e boa repercussão em nosso meio.

Após 10 anos em São Paulo trabalhando com música, humor e artes cênicas, Franklin, sua esposa Raquel e sua filha Clara voltaram a morar em Natal, onde ele toca sua empresa Namascrazy, seus projetos musicais, humorísticos, artísticos e preside a Associação Potiguar de Skate (ufa!).

Leia e veja abaixo  mais detalhes dessa rica trajetória.

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1988. Campeão Estadual.Foto acervo Ilzeli Confessor

 

Você tem uma longa história com o skate. Fale um pouco sobre sua trajetória no carrinho…

Minha relação com o skate surgiu em 83 quando troquei um punho de bicicleta por um skate Bandeirantes, que era uma patinete quebrado que tinha caído dentro de um tanque d’água.

O shape todo fofo, daí fui num marceneiro e mandei fazer um shape de madeira do mesmo modelo e comecei a andar nas calçadas. Daí em 1986 meus amigos do condomínio trouxeram da Disney uns skate irados! Foi quando eu pedi a meu pai um skate “dos grandes” de aniversário e comecei a andar e a conhecer a galera do skate de Recife. Depois me mudei pra Natal e comecei a participar de campeonatos na modalidades Street e Vertical. Fui atleta do skate até 1992, quando deixei de participar de campeonatos e passei a andar de skate esporadicamente. Desde então sempre levo meu skate comigo pra todos os lugares que vou, pois tem sempre uma pista e um bom lugar pra andar de skate e fazer novas amizades. Recentemente voltei a morar em Natal e estamos na APS – Associação Potiguar de Skate, pra dar continuidade no trabalho em favor do nosso Skateboard.

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Arquivo Pessoal

Você tem um talento pra rima e é fã da embolada. Como foi o desenvolvimento da letra Ollie Air?

Fazer uma letra como Ollie Air não é fácil, pois os nomes das manobras de skate são em inglês, a rima feita em português e seguindo a regra da poesia de cordel. Mas costumo fazer letras assim numa pegada só, ou seja, sai toda de uma vez! Vem com a inspiração.

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Arquivo Pessoal

E a ideia do clip? Já sabia que iria ser no Half do Machadão?

A ideia do Clip era mostrar o skate local, daí colocamos imagens só de roles de skate feitos aqui no RN e as imagens da banda no Machadão (clássica pista de skate de natal), ainda de pé na época da filmagem.

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Bowl do Sumaré/SP.Arquivo Pessoal

 

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1988.Natal Centro.Acervo Ilzeli Confessor

Você esperava o grande acolhimento que a música pelos skatistas?

Sim, esperava sim. Não por a música ter sido feita por mim, mas simplesmente por ser uma música que fala do meu esporte preferido e com uma letra que só quem vive no meio é capaz de entender. Feito de skatista pra skatista! Lógico que ela não agradou a todos, mas isso é natural, até porque a música mistura embolada, sotaque nordestino e rock, coisa que fica estranha aos ouvidos acostumados a outros padrões musicais, ignorantes preconceituosos ou a quem simplesmente não gosta do som, assim como podem não gostar de qualquer outra música. Mas sem dúvida a música Ollie air já se tornou um clássico entre os skatistas do Brasil, principalmente daqui do Nordeste.

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1989.Aero Clube.Natal/RN.Acervo Ilzeli Confessor

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2014.Guararema/SP.Arquivo Pessoal

Um resumo da sua trajetória com a música…

Já toco a mais ou menos 25 anos então tive muitas bandas. As que mais se destacaram foram O Surto, Folcore, Chico Antronic Embola Dub, Belina Mamão, Baleia Mutante, Deadly Fate e Brutal Brain.

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Banda Deadly Fate, que além de Franklin (Último a direita) tinha outro skatista, Edu Santana (primeiro a esquerda).Arquivo Pessoal

Você foi membro da banda O Surto, que tem uma história de sucesso cravada no rock nacional. Conte-nos dessa fase…

A experiência de tocar no Surto com certeza uma das mais importantes da minha vida, pois nessa banda eu pude viver tudo o que o mundo da música nos proporcionar. Desde o underground, as maiores dificuldades com a falta de grana e de estrutura, até chegarmos ao estrelato e ter tudo o que um músico sonhou. A experiência foi curta, mas intensa! Exatamente como o nome da banda diz; foi um Surto musical e de Rock que me fez passar por lugares incríveis, tocar nos principais festivais do Brasil, tocar no Rock in Rio pra 250 mil pessoas, tocar no Japão… Só tenho muita gratidão por tudo que passei. Foi incrível e me ensinou muito! uma banda que passou pelo “não ter nada, ter tudo e não ter nada novamente” – isso me ensinou valores que levarei pra sempre na minha vida.

Depois do surto voltei pra Natal e montei a banda Carbura. Em seguida veio a banda Folcore, que em 2005 passou 1 ano no Rio de Janeiro. Em 2007 montei a Belina Mamão, que passou uma temporada de 1 ano em São Paulo no ano de 2008. Quando a banda acabou fiquei em Sampa até esse ano de 2016, período que toquei no Chico Antronic Embola Dub e Baleia Mutante. Paralelamente passei a trabalhar como ator no teatro, fiz vários trabalhos em publicidade pra TV e internet e iniciei meu negócio de fabricação de Botons personalizados.

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O Surto

 

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Arquivo Pessoal

Recentemente o Folcore lançou uma nova música com letra sobre skate. Qual foi a inspiração dessa vez…

A música fala de um sonho de um skatista onde ele realiza tudo quanto é manobra, daí quando ele acorda sai fazendo as manobras que aprendeu no sonho. A intenção é toda vez que o Folcore for lançar algo novo, nós possamos fazer uma música que tenha o skate como tema.

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Banda Folcore 2016.Arquivo Pessoal

Com a NAMASCRAZY, quais os produtos você produz?

Sempre fui autônomo. Como músico, ator, e agora com minha empresa NAMASCRAZY de personalizações de botons, chaveiros e canecas.

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Arquivo Pessoal

 

Com uma história tão dinâmica e tendo feito e fazendo tanta coisa, o que vem por ai?

Essa é fácil de responder; “Só Deus Sabe” (rsrs). Espero continuar tocando (pro resto da vida!), andar de skate e ficar trabalhando com arte em geral, que é a minha “praia”.

Quero mandar um grande abraço a galera do skate daqui de Natal e principalmente aos velhos amigos veteranos que sempre foram parceiros até hoje, nas sessões e na vida. Skate faz escola, educa, e agora é esporte olímpico! Vamos andar de skateeee!!

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Front Side Disaster 2016. Cake’s Ramp.Foto Paulo Costa

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No teatro.Arquivo Pessoal

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No palco com Clemente (Inocentes).Arquivo Pessoal

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Namascrazy

Banda Folcore

 

FINAL


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