Demo Stanley 1988

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por paulo costa/veteranskater

fotos acervo ilzeli confessor

Em 1988, época em que só fazíamos andar de skate todo dia o dia todo, aconteceu aqui em Natal um evento de surf da marca Stanley, de propriedade do skatista veterano Jun Hashimoto.

 

A loja Opeste de Joãozinho Carvalho era o nosso QG. Estávamos sempre por lá. Nos reuníamos no local pra sair de lá pra session, ou simplesmente ocupar espaço e perturbar João. Nos anos 1980, nosso único contato com o que acontecia em SP (que sempre foi o centro do skate no Brasil), era pelas revistas Overall e/ou Yeah! e quando Ilzeli Confessor trazia algumas novidades em vídeos (cópiadacópiadacópiadacópia) quando vinha de alguma de suas inúmeras viagens. Tudo era muito distante pra nós!

 

Então, esse campeonato de surf surge! Pra nós skatistas, o campeonato seria irrelevante, mas queríamos que acontecesse logo, pois com a equipe Stanley, viria para fazer uma demo na entrega da premiação no Centro de Convenções os skatistas profissionais Beto or Die e Cabralha!! Imagina só, fazer uma session com dois dos maiores skatistas de rua da época aqui em nossa casa! Era um sonho se realizando!

 

Joãozinho ficou ciceroneando Beto e Cabralha, então era certo que iriam aparecer na Opeste e nós, estaríamos lá pra conhecer os caras. Lembro de estar na frente da loja e Beto or Die chegando com Cabralha… Nooossa! Hehehe. Beto estava com um deck de teste. Era seu  futuro pro model pela Lifestyle. Cabralha era um moleque branco pra cacete, franzino e muito gente boa! As rodas do seu skate eram bem gastas, resultado da prática do Down Hill.

Nos apresentamos e fomos em um supermercado do outro lado da avenida e na volta Beto manda um Ollie to Tail na guia! Nunca tínhamos visto aquilo ao vivo! Era coisa de filme pra nós!

Marcamos uma session pro dia seguinte e ficou combinado que Joãozinho passaria na casa de Jameson (primeiro “real streeter” de Natal) com os dois para nos pegar. Outros skatistas nos esperariam na UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), onde tinha alguns picos pra andar.

Chegamos lá e só lembro-me de ficar observando Beto andar e aprendendo com meu skate tosco, que era um resto de “The Killer” da Urgh com zero de nose e quase nada de tail (mas tinha Urghit!) que Jameson tinha me doado, truck e rodas Sims nacional, claro!

O caras eram rua pura! Ollies gigantescos pra época, mas o melhor eram as variações de wall rides!! Alley oop, F/S, B/S, Indy, To Fakie… Tudo vindo do zero, muito alto e rápido. Foi uma aula!! Acho que o impacto foi tão grande pra mim, ver um nível de skate daquele, que, sinceramente, não me lembro de mais nada até hoje! Pra onde fomos ou o que fizemos depois…Hehehe. Jameson representou bem! Era o único que fazia frente aos caras.

 

 

A DEMO

A demo seria no pavilhão do Centro de Convenções na via costeira, então teríamos que construir alguns obstáculos. Com patrocínio da Loja Opeste, nós skatistas construímos em uma marcenaria; um palco (chamávamos de tablado) que tinha mais ou menos 1/2 metro de altura, 1m de largura e uns 2,5m de comprimento, um trilho de madeira (que chamávamos de Rockslide) e uma Jump Ramp, que foi usada também para Wall Riders “criminosos”, pois não era permitido, uma vez que ficariam sujas as paredes do pavilhão, mas, quem iria nos impedir?

Na demo, mais uma aula de skate dos dois profissionais, porém, Jameson roubou a cena com seus Wall Rides com a Jump e a sua imensa variação de voôs na rampa, sempre alto e distante.

A galera de João Pessoa estava em peso! Vieram todos em uma pick up aberta, pois, na época as autoridades e leis de trânsito eram bem maleáveis. Esta mesma pick up foi usada pra deixar os caras em uma casa na praia de Búzios, onde eles estavam hospedados. Na ida até o alojamento, todos gralhando sob o comando de Ilzeli Confessor, e com o skatista Samir Leitinho em pânico por causa da velocidade do carro, tanto que tivemos que parar e colocá-lo na cabine… Incrível, mas já fazem 28 anos!!

 

 

 

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