ENTREVISTA: NANDO TASSARA
Organizador do tradicional evento Old School Skate Jam, Nando Tassara deu uma pausa no trabalho e na correria da organização do evento, que ocorre no próximo 7 de setembro, para responder algumas perguntas sobre sua vida e paixão pelo skateboard.
Nome: Fernando Antônio Tassara Rodrigues
Nando (esquerda) com o amigo Gui Barbosa no OSSJ.
Um cara caseiro, que ama família, ama o skate incondicionalmente que tenta fazer a diferença incentivando os caras que por inúmeros motivos deixaram o skate de lado e ajudar e motivar os novatos a darem continuidade a um esporte tão legal e difícil.
36 anos sem deixar de pensar no carrinho por um dia que seja. Nunca me afastei do skate! A gente passava alguns dias sem andar por diversos motivos…infelizmente tive algumas fraturas e este ano estou voltando a andar há mais ou menos um mês por conta de uma cirurgia.
Você foi influenciado pelo Yndio, seu irmão?
Claro!! Ele ainda é meu companheiro de sessão, aquele cara que quando eu tomo um chão sei que vou abrir o olho e ele vá estar lá..rsr
Sempre. Muitos lamentavelmente pararam e sempre que os encontro falo no prazer de praticar o skateboard sem maiores responsabilidades….e sinto, honestamente, uma dose de inveja e tristeza nos que se justificam o porquê não andam mais.
Há…Ontem falei quando da primeira vez que vi uma porquinha de pressão (aquelas com a borrachinha que a gente usa) ou o primeiro shape concave que a gente achava que era defeito, as joelheiras de feltro, os tênis conga All Color, meu primeiro Vans em 82 ou 83…putz.
Você já competiu muito? Teve patrocínio ou sempre foi mais for fun?
Nunca fui de campeonatos e nem me considero bom skatista.
Ando pela diversão de andar (se não tinha largado na péssima década de 90) fiz e tenho meus melhores amigos na pista.
Mas nunca me afastei para fazer outro esporte, sou ciclo turista e às vezes dou um tempo para viajar com minha esposa e bikes.
Já foi mais e como está no eixo SP-RJ-MG claro que existe uma certa criminalidade e por conseqüência a cidade sofre com algumas mazelas de cidade grande.
Guaratingueta incorporou o skate? Como o cidadão comun dai vê o skate?
Os mais velhos lembram dos eventos e os mais novos nem ligam pros streteiros que andam na frente da igreja ou nos bancos das praças.
Sua cidade foi palco de grandes eventos, está na história do skate Brasileiro. Qual sua visão e lembranças desse período?
Muitas, inclusive do despreparo dos moradores para receber os new waves, punks e outros figuras que freqüentavam nosso pico. Era muito divertido ver tanta gente diferente e fina… fiz amigos que até hoje dividimos sessions.
Temos três promessas como o Foguinho e o Fabio e o Gustavo Sorriso.
Quais eram os responsáveis por aqueles eventos?
O Júnior Machado, meu irmão, Petrônio, Beto Issa…bem era uma galera bem unida.
A equipe se chamava Super Dog…hoje sobramos o Júnior, o Yndyo e eu, infelizmente.
Uma a duas vezes por semana, muuuuito menos que eu queria.
O melhor que já andou naquele Banks foi e é o Gui Barbosa um gênio que não repete linhas e olha que lá já andaram Hosoi, os Tony Alva e Hawk , Lance Montain, Bob….o Gui anda muito lá.
Não falo por localismo…é inconteste! Nem na sua própria pista ele flui tão bem.
No nosso Bowl o Hosoi fez história…ele esta na sua melhor fase.
Sou ciclo turista e tenho a bike como ponto em comum com minha esposa…a conheci pedalando, fiquei noivo durante uma ciclo viagem e fui para meu casamento de bike.
Cada vez mais pessoas voltam a andar de skate, muita gente acima dos 40 andando e bem. Você não acha que a mídia do skate no Brasil deveria dar mais espaço pra essa parcela de praticantes do skate e as marcas deveriam acordar pra importância destes, assim como acontece nos EUA?
Sim. Acho muito gratificante rever os amigos e dividir sessões com eles e, particularmente, ponho pilha para que tragam as famílias com seus filhos, esposas, amantes… Até quando vai rolar o OSSJ? Carving. Fonte skatecuriosidade
Como sempre…diversão e um prazer que inigualável.
O que mudou é o seguinte: depois de uma vaca antigamente eu pensava- Putz não vai dar para andar amanhã!!!
Hoje penso- putz vai ter audiência amanhã!!!!
Sempre gostei das de borda, inclusive acho que um BS Smith tirando o pé da frente mais difícil que um 540…veja na quantos caras executam o lance…
Nos EUA os caras são ícones e lá sempre existiu o apoio por parte dos patrocinadores aos que fazem diferença e não necessariamente ganhando campeonatos…aqui no Brasil o segundo lugar é o primeiro a perder.
No Brasil o que vende é shape picolé, rodas pequenas e os moleques sempre perguntam se você sabe dar ollies…falta muito para o Old School ser respeitado e tratado pelo patrocinador não como um favor ou esmola.
Estamos caminhando…e sinto na pela nesta época de fazer contatos para apoios para o OSSJ…já recebemos 10 bonés como uma cota de R$2.000,00 , tênis usados de devolvidos com defeito por lojistas de uma consagrada marca, calcinhas femininas de outra marca que investe muito em mídia e streteiros…enfim, alguns que eu nem procuro mais não dão a mínima para os Old Schools.
Esquecem que quem tem grana e gasta sem dó somos nós.
Ontem: Jun, Bruno Brown, Negão, Osmar Fossa, Porquê, Leo Kakinho, Mauro Mureta, Luciano Kid, Fred e Georginho.
Não nesta ordem necessariamente…rsrs
Hoje: Alessandro Ramos, Gui, Dan Cesar, Pedrinho Barros, Rony Gomes, Italo, Foguinho, Rodolfo Gugu, Bob, Ueda, Alan Mesquita…putz.
Não na ordem…mas o Pedro e o Dan são Gênios, que Deus dê juízo para eles que tem tudo para serem top no mundo.
Pouco na década de oitenta…
Tenho um long e estou muito a fim de andar de slalom estou buscando peças.
Acompanho tudo aqui e lá fora…amo o carrinho e é quase um vicio…quase, pois vicio é nocivo…rsr 
Pouco…nosso Banks ficou reformado em dezembro e sofreu uma outra reforma em fevereiro e eu só pude andar nele agora…tenho muito que voltar a ser local no quintal de casa!!!
Chegamos numa noite chuvosa, o half estava úmido e agente andou quase nada…foi uma pena.
Na real nesta época andamos pouco de skate ai em Natal…ficamos dois dias e choveu muito.
Andamos num bowl numa praia de Fortaleza.
Mas demos azar…a população estava esperando com picaretas na mão a gente sair fora porque eles iam detonar tudo pois uma menina tinha caído lá e(parece) que se afogado….lembro de um senhor me alertando, garotos vão embora por a pista vai ser destruída.
Em Brasília…hoje é médico e não anda mais.
Surgiu quando decidi não fazer mais o Lendas do Skate com o Kuge.
Tínhamos uma ideologia diferente em relação ao evento e seguimos caminhos diferentes…ele foi para Barueri e eu continuei aqui, mas mudei o formato e transformei o campeonato em uma reunião de amigos com um campeonato em segundo plano.
Já estamos na sexta edição…desde 2004.
Eu sabia que já havia Old schools na bike, no futebol americano…enfim em outros esportes. O termo Lendas que deu o que fazer para eu bolar…o Kuge pegou….o que eu ia fazer…criei o Old School Skate Jam já sabendo que na Flórida existia um evento assim.
Hoje este evento não rola mais…uma pena, pois era para os skatistas “normais” e não para os pros.
Feeling? Ver o clube cheio de gente com cabelos brancos, muitos carecas, barrigudos, cheios de filhos (uns na sessão) e por alguns momentos esquecer do trampo, das contas, dos problemas…e andar de skate!!!
Mágico!
Geralmente sou só eu…e ainda pago parte da conta.
O OSSJ não dá nem um centavo e o que entra tento reverter em camisetas, brindes do evento, adesivos do evento…minha organização é bem desorganizada…rsrsr
Pelo fato do 07 de setembro cair em uma segundona, acredito que mais gente venha que nos anos anteriores….estou na correria e ainda tenho que treinar para não passar vergonha,,,,rsrs
Por muitos anos…espero poder passar a ideologia para algum moleque aqui e poder me aposentar fazer minha social e correr o campeonato sem me preocupar com a sua organização ou os problemas que sempre aparecem !!!
Até quando a saúde agüentar .
Antes de mais nada muito obrigado pela atenção.
Sabemos que andar de skate não é fácil para quem tem mais de 40 anos…ele cobra treino, saúde, dedicação…e geralmente quem tem mais de 40 anos está em uma fase de cuidar da família, dos filhos, netos, ganhar mais dinheiro para poder dar conforto aos que ama e fazer coisas para si e com a intensidade que o skate pede fica difícil.
Daí a razão para valorizar tanto os skatistas mais velhos, não só pela suas histórias ou pelo que representam individualmente pelo esporte…se são melhores que os outros ou só sabem dropar e dar batidinhas….temos que ter em mente que cada cara desses caras matam um leão por dia para andar de skate e… se estão lá venceram!
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