Vancouver 1986
por Paulo Folha
O maior e mais completo campeonato de Skate do mundo: Vancouver 86.
O maior e mais completo campeonato de Skate do mundo: Vancouver 86. Em 1986, foi realizado um campeonato Profissional de Skate nas modalidades Freestyle e Half Pipe na Unijovem Rio de Janeiro. Esse campeonato dava além da premiação, uma passagem para os primeiros colocados de Freestyle e Half, para disputar o Campeonato Mundial de Skate em Vancouver/Canadá dentro da Expo Mundial, que teve organização da NSA. Os demais classificados poderiam ir se o patrocinador bancasse a viagem e teria que ser na sequência das classificações. Ou seja, o terceiro colocado somente iria se o segundo também fosse e assim por diante. Fiquei em terceiro lugar, então fomos para o mundial, eu, o Rogério e o Lucio Flávio no Freestyle, o Edsinho e o Fred no Half.
Em Vancouver rolaram várias atividades antes do Campeonato, jogamos até Beisebol com o pessoal dos outros países. Na cerimônia de abertura, os competidores vestiram as cores de seus países e se apresentaram com suas bandeiras. Embora já fôssemos Profissionais no Brasil, fomos “convidados” a participar do Amador, para podermos representar nosso país. Só no Freestyle, participaram em torno de cem competidores. Teve praticamente todas as modalidades praticadas na época: Freestyle, Half Pipe, High Jump, 360º Spin, Slalom e Banks.
Na área do Freestyle e Half estava lotado! Tinha gente em todos os lugares, uma arquibancada gigante ocupando toda a metade da área e toda a cerca em volta da outra metade, incluindo lugares mais altos como a plataforma do Half, escadas etc. A NSA lançou um vídeo exclusivo e foi mencionado que havia um público de vinte e cinco mil pessoas. Era muita gente na hora das competições, nunca tínhamos andado de Skate para tanta gente!
Durante os treinos, encontrávamos sempre com outros Skaters de outros países, e na hora que terminava o horário dos Amadores, começava a hora de treinos dos Pros. Teve dia que rolou sessão com Amadores e Pros juntos e era anunciado como Demonstração para o público, e nessas horas, ficamos conhecendo praticamente todos os Pros. Na época, eu ainda não havia lançado meu Model de Shape, eu usava um Shape da Madrid model do Bob Shmeltzer. Quando o Bob viu, veio trocar ideia comigo e fizemos sessões juntos. Depois o Daniel Bourqui, que correu pela Suíça, nos apresentou o Per Welinder e também o Rodney Mullen que pegou meu Skate e ficou olhando nossa lixa, que era para ferro, colada com cola de sapateiro. O Daniel logo disse que no Brasil não tínhamos as lixas emborrachadas, e o Mullen logo elogiou, dizendo que ele começou a andar com esse tipo de lixa, e que gosta dela pela sua aderência.
No dia da competição, a área estava lotada! Eu andei razoavelmente bem, mas tive alguns erros e quando estamos competindo com tanta gente com nível alto, qualquer errinho faz a gente descer várias posições. Acabei ficando em 19º lugar.
O tempo era intercalado com competições de Freestyle Amador e Pro, e também com Half Amador e Pro. Depois das competições rolavam o High Jump. Já as provas de 360 Spin, foram feitas em um pátio em outro local, assim como o Slalom que foi nas ladeiras das montanhas e o Banks em uma pista que existe até hoje.
O destaque do evento foi sem dúvida o Rodney Mullen que tirou 98 na eliminatória, 99 na primeira final e 100 na segunda final. Foi a primeira vez que um Skatista tira a nota máxima, realmente o Mullen estava impossível e no seu auge! Depois do evento, teve a cerimônia de encerramento em um tipo de festa regada a champagne.
Eu fiquei mais uns dias em Vancouver enquanto os outros brasileiros foram pra California, e o Kevin Harris me levou para ficar na casa dele, onde fizemos sessões de Freestyle e me levou pra conhecer a Distribuidora dele, onde comprei várias peças de Skate e roupas a preço de custo.
Quando fui pra California, me encontrei com o Edsinho, o Fred e o Rogerio, alugamos um carro e ficamos na casa do Anibal Neto, que posteriormente virou fotógrafo da Overall.
Descemos a costa da California até San Diego e fomos conhecer a pista de Delmar, onde encontramos novamente com o Mr. Frank Hawk, pai do Toni Hawk. O Mr Frank era o presidente da NSA. Depois de andarmos na pista, o Mr. Frank fez questão de nos levar pra almoçar na casa dele, e enquanto esperávamos pelo almoço, ficamos assistindo os vídeos de skate que aparecia o Toni. O que muitos não sabem, é que o Toni Hawk fazia Freestyle e aparece ele correndo um campeonato de Freestyle em Delmar, aliás praticamente todos os Verts faziam Freestyle também. Depois do almoço, o Frank nos levou para casa do Tony Hawk, onde ficamos por uns quatro dias.
Quando iniciamos a volta, fomos conhecer a Tracker Trucks que também era a base da revista Trans World. Conseguimos o apoio da Tracker Trucks, sem brincadeira, enchemos uma Skate Bag cada um com peças.
Na viagem, fomos conhecer e andar de Skate em Ocean Side, local que sempre rolavam os campeonatos de Freestyle, inclusive o Mundial de 79, onde a equipe da DM Pepsi do Brasil participou.
Voltamos para casa do Neto, e o Rogério, o Edsinho e o Fred, retornaram ao Brasil, e eu fiquei mais umas semanas por lá.
Finalmente fui andar de Skate em Venice Beach e conhecer a região até Santa Monica.
Enfim chegou a hora do retorno. Não é que eu, no Aeroporto de LA, confundi o portão de embarque com o setor e minhas bagagens foram direto para a Alfândega brasileira?! No dia seguinte que consegui pegar outro voo para o Brasil, ao chegar, fui pra Alfândega e chegando lá, apresentei a carta do campeonato e eles só abriram as Skate Bags por procedimento e disseram: é isso aí, skatista traz materiais de Skate, pode ir…
O Brasil foi o terceiro melhor país e a quinta melhor equipe, sendo que as três primeiras equipes foram americanas.
Essa foi a viagem mais marcante da minha vida!!!
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