Série Cabras da Peste. Alex Gato
por paulo costa
fotos aquivo gato
Como se sabe, o skate não foi sempre aceito pela sociedade. Ser skatista era ser execrado por muitos, dentro e fora de casa e por isso, só quem amava e tinha convicção do estilo de vida que queria seguir continuavam e continuaram. Por isso chegamos até aqui! Para trazer luz a história do skate do Nordeste do Brasil o Veteran Skater começa aqui a serie Cabras da Peste, contando um pouco da história de skatistas que ajudaram a construir a história do skate na região, e esse primeiro post traz o lendário Alexandre Gato, de Fortaleza/CE.
Alexandres dos Santos Menezes, 52, costumava descer as dunas de Fortaleza/CE de carretilha. Da sua geração, o Gato, como é conhecido no meio do skate desde sempre, é um dos skatistas mais lembrados quando se fala em skate nordestino.
Gato começou no skate em meados dos anos 1970. Pouco antes, como citado, descia as dunas de Fortaleza de carretilha (pai do sand board) e a familiaridade dos movimentos facilitou sua entrada no skate e daí não parou mais. Seu amigo de sessão era (e é até hoje) Ronaldo “cão diabólico” Nascimento. Juntos, dividiam desde peças de skate aos tênis, que segundo ele, cada um usava um par.
Após ter sucesso em competições no seu estado no início dos anos 1980, o então Gato Punk veio a Natal/RN pra uma competição e ali, se apaixonou, casou e passou a morar por vários anos na zona norte de cidade, passando a ser local da “Rampa do Aero Clube”, que era um quarter pipe que ficava na quadra de esportes do local.
Já era a segunda metade dos anos 1980. O skate passava por uma nova acessão em todo o mundo e no Nordeste não era diferente. Spots nasceram em toda a região, trouxeram evolução para os praticantes e Alexandre Gato foi um dos que mais souberam aproveitar as oportunidades dessa fase. Sempre destaque nas sessions e competições pelo Nordeste com manobras pesadas, principalmente de front side, Gato fez um nome forte! Um dos resultados desse desempenho foi uma entrevista pra revista Overall, uma das grandes mídias do skate da época. A entrevista, que se deu em 1989, foi (e é) um marco pro skate nordestino, pois, pela primeira vez um skatista da região era destaque em uma das duas grandes mídias do skate brasileiro, mostrando que no Nordeste nós tínhamos skate de alto nível. Também nessa época o Gato Punk foi convidado pra participar das etapas de Recife, Bahia e Minas Gerais do circuito Alternativa Rock Skate, que reuniu grandes nomes do skate nacional e também contou com convidados de destaque do skate vertical amador nordestino como; Charles Reginaldo (RIP), Guabira, Jessé Monstro (RN), Júlio Marque (PE) e Lourival Primitivo (BA).
O início dos anos 1990 foi muito duro pro skate brasileiro. Skatistas de todas as modalidades e categorias saíram de cena. Entre os que se mantiveram de pé, mantendo a chama acesa, estava Alexandre Gato. Entre idas e vindas a Natal, o Gato sempre estava com o skate no pé, andando, estimulando outros aficar em cima do carrinho e se mantendo assim, por anos “no rip”.
Os anos 2000 viriam a tentar tirar o Gato Punk do skate. Com uma gravíssima lesão na coluna e a perda da sua mãe, pensou em precisar parar. “Foi a fase mais difícil na minha vida! A perda da minha mãe, e duas semanas depois tive uma crise forte com uma lesão na coluna, pois minha medula estava comprimindo. Tenho fortes dores que me impossibilitam a me jogar nas manobras, passei quase um ano sem andar, fiz fisioterapia e todo um tratamento e estou aqui andando”.
Alexandre Gato é um verdadeiro guerreiro do skateboard do Nordeste do Brasil. Andando com materiais de baixa qualidade na maior parte do seu tempo de skate, esse desenhista/serigrafista não se deu por vencido e desenvolveu um skate de alto nível com um grande estilo. É um skatista de verdade, pois se manteve no skate mesmo quando a fama passou e voltou a não ter nenhum reconhecimento, como foi no início da sua história com o skate. O resultado foi a volta do reconhecimento como grande skatista que foi e é, sendo convidado presencial de eventos como o Red Bull Skate Generation, um dos grandes eventos mundiais do skate, entre outros.
O skate nordestino deve reconhecer Alexandre Gato como um verdadeiro cabra da peste do skate!
O documentário Bowl Banks da Volta da Jurema, feito pelo Veteran Skater em 2012 conta a história do lendário Bowl e do Seu maior local.
Próximo Cabra: Ilzeli Confessor, de Natal/RN.
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