História da Ataque Skates

06-01-2017

história e fotos fidelis morata valverde

perguntas paulo costa/veteranskater

“Nasci em São Paulo capital, bairro da Mooca em 1963 e em 1976 fui apresentado ao mundo maravilhoso do Skate, como simples brincadeira de uma criança feliz em poder descer uma calçada e achando aquilo o máximo. Meu primeiro Skate pra valer foi um Torlay, mas o skate que eu mais curti mesmo foi um DM com rodas Costa Norte e shape da Franete. Foi o que pude ter com muito esforço. A pista Franete era no meu bairro, tentei algumas vezes andar lá mas tinha aquela coisa de me achar fora do aquário. Depois conheci a Wave Park, onde meu pai me levou e me dava uns cascudos dizendo ” vai descer ai meu filho ou tá com medo?”… Cara, fiquei paralisado vendo os caras treinando justamente naquele final de semana e eram simplesmente os das grandes equipes da época! Costa Norte, Pepsi Cola, DM Skateboard, enfim, “os caras”! E eu lá com muita vergonha (rsrs). Eram simplesmente os caras que eu via na revista Brasil Skate, imagina só?

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Rampas feitas com madeirites de outdoor, tradição em todo o Brasil dos 70 e 80. Fidelis na Mooca.

No início dos anos 1980, a falta de grana fazia com que a gente   fabricasse as nossas rampas com algumas madeirites “emprestadas”, se é que você me entende… (rs). Outra modalidade que estava crescendo era a prática do Skate nas ladeiras; pra mim foi amor à primeira vista e o Down Hill Slide entrou na minha vida de vez em 1982 em um campeonato na ladeira do Bosque, no Morumbi em São Paulo. Ali foi o divisor de águas!

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Fidelis com cabelo. 80’s.

Meu amigo Cau, dono da marca de shapes ONDA, me convidou para ver os caras queimando o uretano no asfalto em 1984 e ali nasceu a Ataque Epilético, primeiro como proposta de oficina do skate para trocar peças e fazer rolos em geral, porém, faltava a grana. Então fizemos o 1º Ataque Epilético Downhill Slide Amador, onde conseguimos apoios de marcas que ajudaram nas premiações, o anuncio foi na rádio 89FM em um programa de esportes radicais feito por Paulo Lima (Revista Trip), onde o anuncio era; ” Esse é da doença!!! 1º Ataque Epilético”, e isso repetiu várias vezes pois o nome chamou atenção. O resultado foi que choveu inscritos e a parada marcou! Peguei o microfone e anunciei; “Aguardem produtos Ataque Epilético”, porém, nem imaginava o que fazer. Começamos com a fabricação de Cooper e o “Miguel da Raticida” (foi a primeira loja que acreditou em nossos sonhos) nos encomendou de cara 200 pares, e daí a parada foi evoluindo.

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Os shapes vieram na raça e no osso, com erros e acertos. Os primeiros Skatistas amadores a correr pela Ataque Epilético, além de mim mesmo, foram o Meia, Hukinho, Pará (meu sócio), Moleza (Antônio Carlos Claudino- RIP) … Esses foram os pioneiros da marca! Depois vieram da Zona Norte o Carioca, Junior e Billy. Ainda éramos uma marca regional, começamos a investir em algumas propagandas que cabiam em nosso bolso, como na SKT NEWS, então do editor Cezar Gyrão (Tribo Skate).

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Aos poucos a Ataque Epilético foi conseguindo prensar uma produção de respeito e as vendas foram surgindo, os convites começaram aparecer para participar de eventos e por fim, começamos aparecer mais no cenário Brazuca. Chegamos a ter uma representação no Nordeste, onde vendemos bem na época, principalmente o da série Blindado”.

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Campeonato em Natal/RN, final dos anos 1980. O cearense Guabira usando Ataque. Foto arquivo Ilzeli Confessor

 

Após seis anos de história e muita batalha, por quê a Ataque parou?

Na época estava entrando o governo novo do Collor. Foi traumático! Era o ano de 1990, e com o plano econômico da Célia Cardoso de Melo em 3 de março de 1990, que bloqueou parte do dinheiro da população, o país quebrou geral, e conosco não seria diferente. Resumindo, foi Punk!

O que você fez durante esse tempo longe do skate?

Durante esse tempo foi muito difícil, pois deixar de fazer o que mais gostava, tu fica sem chão! Fiz várias coisas; trabalhei de cobrador, vendedor de aparelhos de fisioterapia e bicos e mais bicos, claro que o Skate sempre esteve no meu DNA mas a situação estava complicada. A família sentiu o baque, meus dois filhos do primeiro casamento, que também foi pro ralo… Uma pena. A cabeça ficou meio que complicada, quando via alguma matéria sobre Skate não queria ver, me escondia, tamanho era a magoa. Mas a vida prossegue não é?

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Como foi o retorno da Ataque ao mercado?

Pois bem, minha vida deu voltas até me encontrar aqui no extremo Sul do Brasil, em Pelotas RS, Vim trabalhar em uma feria aqui, a FENADOCE e foi quando conheci uma pessoa muito especial, minha esposa Rejane e a partir daí minha vida começou a ter sentido novamente, unimos nossas forças e juntamente com a decoração de quartos de bebe dela a ArtmosferaBaby, começamos a viver. Só depois de algum tempo comecei a perceber a cena de Skate na cidade e vi que tem muita gente de verdade aqui, senti aquele frio na espinha de novo, e o cheiro do uretano no ar, aquele go for it sabe? Adrenalina… Pensei: Vou prensar shapes de novo! Mas como? Eu não tinha os recursos que tinha em São Paulo, mas fui devagar, reencontrando os amigos das antigas pela internet e isso foi umas das causas que me levantaram também, e ver que muitos ainda lembram da Ataque Epilético. Então foi na raça mesmo! Fiz as prensas, maquinários emprestados e com vários erros novamente e numa mudança radical, voltei com a ATAQUE SKATE. Estou na batalha, tem muita gente no mercado hoje, então me volto muito para o Old School, que na real é mais a minha.

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Como está a produção dos decks hoje?

Minha produção é pequena e artesanal, mas com muita alma! Claro que quero melhorar as prensagens e para este ano quero e vou aumentar a produção, com novas artes e tudo mais, e também com umas camisetas para a divulgação da marca, tudo com muita luta e determinação.

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Você atende pra todo brasil? E quem quiser comprar ataque, como entra em contato com você?

Com a internet posso chegar em todos os lugares. Sim atendo para todo Brasil, por em quanto só pelo meu perfil no Facebook, pois ainda não tenho uma fan page, mas em breve vou ter, gosto muito dos decks Old School, mas também prenso pra street e outros estilos nas medidas que quiserem.

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Quais os planos daqui pra frente?

Meus planos são simples de certa maneira. Melhorar as prensagens, criar novas artes valorizando artistas da cidade como o artista plástico Marcio Oliveira que desenha muito, terminar de montar minha serigrafia para as t-shirt, aumentar meu envolvimento com a ASP (Associação de Skate de Pelotas, na qual sou presidente, ajudando a rapaziada aqui em desenvolver mais o skate, junto aos meios políticos. Conseguir novos lugares para a prática do Skate, já estamos conseguindo algo, mas a cidade precisa mais, pois tem muita gente boa aqui que está entendendo minha ideologia e sozinhos não conseguimos fazer nada, a união do Skate de Pelotas é uma realidade que está acontecendo e me sinto muito orgulhoso de estar do lado de pessoas tão apaixonadas pelo carrinho como eu. Juntos vamos sempre vencer e orar a Deus pedindo direção sempre! Agradeço muito a minha esposa Rejane Valverde e minha filha Carolina Valverde pela apoio, amo muito tudo isso e o Skate está na minha veia.

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Fidelis & Família

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