Bowl do Aero

04-09-2016

por paulo costa/veteranskater

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Conheça a história do primeiro Bowl do Nordeste com vertical e que ajudou a desenvolver o skate em Natal por 3 gerações.

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Sentido horário: Zelito, Ilzeli, Samir, Nerion, Jessé, Julio Maques (PE)

O começo

Estimulados pela febre dos patins os irmãos Carlinhos e Abacate decidem colocar um ringue de patinação no Aero Clube, já que na cidade não havia um local apropriado pra prática da patinação e tem a ideia de colocar também um espaço para o skate, então alugam a “rampa” dos irmãos Zelito e Tercílio Albano. Surge ai o Flying Rollers. A partir daí o skate começa a fazer parte da vida do Aero Clube e ali passa a ser o “pico” para se andar de skate em Natal, uma vez que a rampa dos irmão Albano não tinha um local fixo. Com exceção de Zelito, Tercílio e Ilzeli (que não pagavam pra andar), os demais skatistas tinha que “morrer” com uma graninha pra poder utilizar o “brinquedo”.

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Antes do Bowl veio o Quarter Pipe da quadra. Ilzeli Confessor.1983

A construção do Bowl

Em 1984 com o número crescente de skatistas os irmãos proprietários do Flying Rollers, com recursos próprios, resolvem construir uma área específica pro skate, mas a pergunta era: o que, e como fazer?

Nessa época para os skaters de Natal as “rampas” (quarter pipes) eram as únicas opções de skate “vertical”, ou então chegar até a vizinha João Pessoa para andar na pista do Parque Solon de Lucena (a conhecida “Pista Podre”). Os skatistas locais foram desafiados a construir o Bowl e aceitaram.

O primeiro passo (escavação) foi dado. Edson “Bulau” Oliveira, Tercilio Albano, o cearense radicado em Natal Alexandre Gato, Martins Junior, Ilzeli Confessor, Samir Leitinho e Jessé Monstro, escavaram com o próprio pulso o “buraco” para início das obras. “Nós não tínhamos muitas informações, nem um projeto, então, algumas fotos do Bowl de Guaratinguetá ajudaram a ter uma ideia de como fazer”, Diz Ilzeli.

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Ilzeli

Na finalização, o coping era o grande desafio. Edson Bulau deu a ideia do coping block e “foram comprados uns blocos de concreto pra testar, desses pra piscina que vedem até hoje. Tercilio, Chico da Bomba e Ilzeli testaram e aprovaram, ai compraram mais blocos pra completar” conta Bulau.

Apesar dessa descrição de como a coisa foi feita, meio que na “orelhada”, o bowl saiu bem feito e assim ficaria se não fosse por um pequeno “detalhe”, que fez toda a diferença; esqueceram do ralo pra escoamento da água em dias e períodos de chuva. “A falta do ralo foi a responsável pela deformação do bowl. A água da primeira chuva que deu, acumulou no bowl, deformou as paredes. Daí em diante tivemos que nos adaptar a pista com as suas deformações”, diz Ilzeli.

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Back Side Canyon de Tercilio Albano. Entre a galera, o pequeno Jameson, Ilzeli, Jessé, Nazreno Neno, Samir Leitinho e Aldeirton.

 

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Ilzeli Sweeper

Locais & Visitantes

No tempo de vida do flying Rollers, uma geração de verticaleiros teve a oportunidade de desenvolver seu skate. Entre os locais de destaque, não por acaso, estavam aqueles que literalmente deram o sangue pela pista. Jessé, Gato, Ilzeli e Tercílio (apenas Jessé não está na ativa), eram os que mais se destacavam nas sessões, embora outros locais como Samir, Zelito, Martins Junior, Ricardo Punkada, Nerion, Bulau e Eduardo Monga, entre outros, não deixassem por menos. Grinds, Tail blocks, Lay back airs, Miller Flip, Lien airs, Carving grinds, Front e Back side airs e Inverts faziam parte das sessions.

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O paraibano Eric Guedes

A as visitas de grandes skatistas de outros estados do Nordeste, que eram uma constante, dava um gás para evolução já que cada um trazia suas manobras e estilos diferentes. Além dos “vizinhos”, estiveram conhecendo o local, o eterno Wave Boy Jun Hashimoto, Flávio Ascânio (Pro de Street e Down Hill nos 80) e o skate expert Guto Jimenez (skatista carioca, primeiro brasileiro a correr o Mundial da Alemanha em 1987).

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Alexandre Gato é cearense, mas foi local do Bowl do Aero por anos.

Mais uma vez, Ilzeli é quem dá a letra; “Jun foi o cara que mais vi andar naquele bowl. O cara chegou com manobras que até então não tínhamos visto e fez uma linha incrível! O Flávio Ascânio, quando chegou encontrou o Aero Clube fechado, então pulou o muro pra andar no bowl e teve o skate preso… Me ligaram e eu fui fazer a “limpeza” e consegui liberar o skate e os equipamentos dele. O Guto Jimenez ficou lá em casa e passou várias informações, inclusive da novidade que estava surgindo no Sudeste; o Street Skate”, finaliza.

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Ilzeli “cabeça de Ovo” Confessor.

Últimos dias

Em 1987, um campeonato realizado pela diretoria do FR, vencido por Jessé Monstro, com Alexandre Gato e Ilzeli Confessor em segundo e terceiro, respectivamente, marcaria o término o um ciclo do skate Potiguar e colocaria na história o Flying Rollers e seu bowl.

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Gato no ultimo evento no Bowl

No ano seguinte com o Flying Rollers desativado mas o bowl ainda lá e uma nova geração do skate Potiguar chegando, o local continuava sendo utilizado graças a “parceria” ($$) entre os skatistas e os vigias do clube.

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Jamenos “moleza” Magalhães. RR “no pêlo”…

 

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… alguns anos antes.

No início dos anos 2000, mais uma vez os irmãos Albano entram na história do skate Potiguar fazendo a diferença. Zelito aluga o local onde funcionava o FR com o bowlzão e a quadra, e abre o New Skatepark. O local por três anos é o único para a prática do skate em Natal. Com o bowlzão ainda vivo, muitos old schools aparecem pra matar a saudade do dinossauro. Os últimos registros de manobras no bowl (FS Carving Grind de Tercílho, sem equipamentos!) foram feitos por Salomão Dantas, porém estão perdidos.

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Área de Street New Skate Park

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Mini Rampa ao lado do Bowl.2001

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Eric “Kiko’ Guedes

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Ilzeli “de Natal”

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Ilzeli Back Side Air

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Confessor Lay Back Air

Fim de uma era

Em 2003, a pedido da diretoria do clube, Tercílio Albano, que então era o locatário do espaço desocupa o local e após quase 20 anos de idas e vindas, o skate se despede de vez do clube. O espaço do skate hoje sede espaço para quadras de Tênis de saibro. Uma delas cobre o Bowl.

O mais interessante é ver como o skate, um esporte que no Nordeste do início dos anos 1980 era totalmente underground, entra em um espaço elitizado da então provinciana Natal, o Aero Clube, por tanto, nada mais natural que o espaço ocupado pelo skate tenha voltado para as mãos (e pés) do não menos elitizado Tênis.

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Reunião dos veteranos em 2002. Tercilio e Ilzeli, precursores do Bowl na ativa.

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Tercilhão, Zeli, Paulo Negão & Me. Reunião dos veteranos em 2002

FINAL

 


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