Bruno Brown

05-03-2014

Fotos: petrônio vilela, shin shikuma e arquivo pessoal

O paulista João Bruno Leonardo Junior, o Bruno Bronw, 52 anos, é um dos ícones do skate brasileiro e foi membro da igualmente icônica equipe Wave Boys nos anos 1970.

Nessa entrevista concedida ao VeteranSkater no início de 2014, Bruno conta  um pouco de sua história no skateboard brasileiro, sua vivência nos EUA e a batalha (à época) pela recuperação de sua saúde e os  projetos futuros.

 

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Bruno, aquela coisa; como, com quem,  e onde começa o caso com o skate?

Comecei em 1974 com o skate de um amigo no bairro Jardins em São Paulo/SP.

E o contato com o skate mais técnico, ou seja, pistas, manobras… Qual ou quais skatistas já se destacavam que você se lembra?

O primeiro contato com pistas foi em 1976 no condomínio Alphaville, mas com manobras mesmo foi em 1977 na Wave Park. Vários skaters se destacavam; Jun Hashimoto, Formiga, Jofa, Rogerinho do Museu, Kao Tai, Massarico, Peninha, Christian Von Sydow, Lumbra e Ralph Hellhammer, entre outros.. 

 

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Seu primeiro patrocínio foi da Wave Boys? Teve outros patrocínios naquele período?

Sim, meu primeiro patrocínio foi na equipe Wave Parque/Gledson/Coca-Cola. Depois veio a DM/Pepsi e por último a Costa Norte. Quando a Wave Park (uma das primeiras pistas de São Paulo) fechou em 1981 as outras opções da época foram a Franete e Wave Cat.

Por falar em equipe, que outras equipes se destacavam?

DM Pepsi (Allois Malfitani, Gian Malfitanni, Claudio Fernandes, Bola  7, Gini, Wandi), Prisma (Cassio Leitão, Peninha, Edu, Thomas) Costa Norte (Kao Tai, Vitche, Minhoca) e equipes de outros estados como South Shore do Sul e Surfcraft do Rio de Janeiro.

Você foi um dos primeiros a seguir para os EUA por causa do skate. Como tudo aconteceu? Você vislumbrava o profissionalismo ou era for fun a ideia? 

Sempre tive vontade de morar na Califórnia tanto pelo skate como pelo surf, então, quando entrei na faculdade, após dois anos eu tranquei e fui para lá de vez. Depois de quatro anos conheci o Alva, Hosoi e outros e comecei a trazer materiais de skate pro Brasil.

Você foi pioneiro nessa prática (de trazer materiais para o Brasil) ou  havia outros, pois, naquela época era bem difícil, não?

Sim, venda para as lojas fui o primeiro juntamente com os gêmeos Oscar e Osmar Lattuca do Rio de Janeiro.

Você teve uma larga experiência com o skate dos EUA, fez parte da cena por lá… Existe diferenças entre as cenas dos EUA e do Brasil?

Não há muita diferença nas cenas, a não ser agora pela quantidade e qualidade das pistas.

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Como aconteceu a alternância entre Brasil/EUA?

Nos anos 1980, passei uma grande parte indo pra Califórnia e em 1994 mudei definitivamente pra lá e fiquei 9 anos direto.

Em que ano você voltou definitivamente e o que te fez vir morar novamente no Brasil? Você viu uma melhor estrutura de pistas, skatistas… Nos fale também um pouco sobre a sua loja Wave Boys que você abriu quando voltou…

Em 2003 voltei definitivamente por vários motivos e abri a loja Wave Boys aqui em São Paulo porque notei a carência de algumas marcas por aqui. Quanto a pistas estava fraquíssimo! A WB foi uma loja conceito, com marcas que eu já trabalhava antes como Alva, Dogtown, Bull Dog, Thrasher, Hosoi, Black Label e Dickies, entre outras.

Juntamente com seu pai, você trouxe pela primeira vez Chistian Hosoi ao Brasil, um skatista de peso no cenário mundial, considerado o melhor por muitos e isso foi um marco para skate brasileiro, pois a experiência de tê-lo aqui ajudou na evolução do skate. Como tudo aconteceu?

Antes disso nós já tínhamos trazido o (Tony) Alva e o Dave Duncan (embora o primeiro skatista profissional a vir para cá foi o Malcom Mckee da Sims que visitou a Wave Park em 79) e o Hosoi ficou sabendo. Como eu já trazia produtos começamos a desenvolver a marca Hosoi aqui no Brasil e trouxemos ele para o lançamento e também para promover a marca fazendo tours pelas pistas e ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro também. A experiência foi ótima, pois o contacto com skatistas brasileiros proporcionou uma grande evolução e possibilitou a criação de novos talentos.

( Vocês podem ver mais sobre isso no programa Califorfum 3, em que o próprio Hosoi explica toda essa história)

Você está diretamente ligado a raiz do skate no Brasil, tem uma imagem bem ligada ao lado roots, porém, além do lado empresarial, você sempre está participando e organizando competições. Qual a importância das competições pra você, pois muitos não gostam, outros até são contra…

Campeonatos são bons só quando formam um circuito ou quando sempre se repetem para aumentar o nível dos skatistas, mas neles, o skatista não consegue representar o que e o quanto ele anda de verdade.

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Depois de todos esses anos dá para você criar uma lista dos seus skatistas preferidos entre brasileiros e estrangeiros depois de conhecer e andar com tantos skatistas?

Gosto de ver Bob Burniquist, Digo Menezes, Pedro Barros, lincoln Ueda, Sandro Dias Mineiro, Mauro Mureta, Álvaro Por quê?, Chileno, Daniel Kim, Felipe Foguinho, Leo Kakinho, Vitor e  Mizael Simão, Marcelo Kosake e outros.

 Nos EUA, com quem você mais andava? E hoje, quem são os que estão sempre nas sessions com você?

Nos EUA era o Alva, Hosoi, Mad Dog, Mark Partain e outros amigos locais. Hoje ando com Mureta, Kim, Chileno, Por Quê?, Ari Bason, Magrão…

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Você passou por uma fase de Superação de uma grave doença e conseguiu se curar. Conte-nos como foi esse processo e se mudou sua visão de vida após essa experiência…

Sim, eu superei um câncer de esôfago e foi a fase mais difícil da vida em que tive que me focar em algo para ter como meta de sobrevivência e meu foco foi o skate e minha família. Coloquei isso na cabeça e lutei todos os dia até conseguir vencer.

Recentemente você relançou as marca de rodas Charger. Qual a história da marca?

A Charger foi inventada aqui pelo Joey Tershay , Jake Phelps, John Cardiel e Julien Stranger na primeira tour da Thrasher no Brasil em 1994. Logo depois eles agitaram para eu fabricar rodas com a Spitfire. A equipe era de peso e tinha;  Hosoi, Alva, Mark Partain, Christian Brox, Charlie Pacheco, Mad Dog, Dave Ruel e Sandro Dias, entre outros.

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No momento como andam as sessions, o lado empresarial e os planos futuros?

Tenho andado só no Mureta, Mineiro e um pouco de Down Hill. Retomei o projeto das rodas Charger com modelos de skaters brasileiros como Ari Bason, Masterson Magrão, Felipe Foguinho, Mauro Mureta, Daniel Kim e também a linha  Wave Boys, que vai ter models do Jun Hashimoto, meu e do (Luiz Roberto) Formiga em breve. São rodas feitas para pista em princípio, mas também vamos desenvolver os modelos para Down Hill Slide… Em breve teremos a linha completa.

Após todos esses anos, na sua opinião, o skate é o mesmo do passado?

Não, mudou completamente! Tanto o skate quanto os skatistas. Antes era uma coisa mais rebelde, mais underground… Hoje em dia é ser profissional e ganhar dinheiro em primeiro lugar.

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(Infelizmente, Bruno não se encontra mais entre nós, mas continuamos mantendo a entrevista na integra,  uma vez que a mesma foi aprovada por ele, assim como todas as fotos que a ilustra)

 

 


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